quinta-feira, 22 de outubro de 2020

NÃO ALIMENTE O FDP

Eu vou tentar explicar uma coisa de uma maneira muito didática.

Sabe o seu cachorro?

Você deve falar pra ele coisas como:

"Não mexe na comida"

"isso é comida de humano, não sua"

"Deixa a minha comida quieta"

Ele vai entender assim:

"Bla bla bla COMIDA"

"Bla bla COMIDA bla bla bla, bla bla"

"Bla bla bla COMIDA bla"

Então, toda vez que ele ouvir a palavra COMIDA, seja em qual contexto for, ele vai levantar as orelhas e abanar o rabinho, pois ele sabe que, independente de qualquer coisa, aquilo é COMIDA.

Agora suponhamos que exista uma pessoa muito desprezível chamada, digamos, "FDP".

A pessoa chamada "FDP" vai lá e faz algo nojento, desprezível.

Todo mundo publica a rodo nas redes sociais, seja qual for:

"FORA FDP"

"FDP MALDITO"

"FDP NÃO PRESTA"

"FDP FEZ DE NOVO, DESGRAÇADO"

O algoritmo das redes sociais, que é o programa que lê, entende e impulsiona o que as pessoas estão falando, vai entender igualzinho o seu cachorro:

"bla bla FDP"

"FDP bla bla"

"FDP blablabla"

"FDP blablabla, blablabla"

E o nome do "FDP" vai subir, vai ficar em evidência, vai ser mostrado pra LITERALMENTE TODO MUNDO que entra nessas redes.

Quem já conhece o "FDP" sabe que ele não presta, que é abjeto e tal.

Quem não conhece, vai conhecer o "FDP".

Muitos que não conheciam o "FDP" vão se identificar com ele, vão se juntar e impulsionar ainda mais o nome "FDP" pra TODAS AS OUTRAS BOLHAS dessas redes.

E aí o estrago está feito.

E, tendo em vista este ponto, muito melhor que alardear que "FDP fez algo" é, simplesmente, IGNORAR o FDP. 

E vida que segue.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

GALINHAS-DE-ANGOLA

Há muito tempo atrás, quando eu morei num sítio nos arredores de Itu (época do Pravda Videz - Merdolog, ICQ, MSN, internet discada, celular analógico, nem tinha Gmail e Orkut ainda), havia vários animais: uma dúzia de patos, seis pavões, um sem número de galinhas e galos...

...e quatro galinhas-de-angola.

Êta bichinho barulhento essa galinha pintadinha preta e branca.

Era só os outros bichos chegarem perto e elas começavam a gritar loucamente, como se estivessem sendo atacadas. Meu tio, dono do sítio, chegava com vassoura na mão e espantava os outros bichos de perto das galinhas-de-angola. Até o coitado do vira lata caramelo - o Quico - que lá vivia foi tocado na chinelada umas vezes, tamanha a barulheira que as quatro habitantes faziam.

Passava dia e noite, as galinhas-de-angola gritavam, pessoal achava que elas estavam sendo ameaçadas, e lá ia um pato ou uma galinha amarelinha pra panela.

Belo dia, parece que os bichos se revoltaram.

Sorrateiramente, cercaram as galinhas-de-angola em plena madrugada, num canto remoto do sítio, e desceram o cacete.

Resultado às 5 da manhã, hora de colher os ovos: uma morta, uma toda depenada e as outras duas dentro de uma toca, acuadas, de onde só saiam, silenciosas, pra comer, quando os outros bichos não estavam perto.

Moral da história? Fui entender quase 20 anos depois.

As galinhas-de-angola (barulhentas demais e em número ridiculamente menor) são os neofascistas de internet e passeata golpista.

Os outros bichos somos nós. O POVO.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

70% É MEU PAU DE ÓCULOS

Ia começar pedindo desculpa pelo termo chulo no título, mas a língua portuguesa é maravilhosa em todo seu esplendor; e, com palavras mais polidas, dificilmente expressaria a indignação que sinto ao escrever isto.

Grande parte desse povo dos 70% só se mexeu quando a água bateu na sua própria bunda (afinal, na bunda dos outros é refresco!!!). Não lembrou do inferno que transformaram o país com o lavajatismo e a destruição da política/economia (lembrando que toda corrupção é vil, mas não é necessário destruir a economia e a política de um país para prender corruptos). Chocaram o ovo da serpente, porém, como diz um velho ditado que ouvi por aí, "filho feio não tem pai", não é?

A dona Globo, que agora posa de boa moça a favor da liberdade de expressão e pelos direitos de todos, chocou o ovo da serpente.

"Humoristas", que deram palanque pra um deputadinho de merda que acabou - como jabuti na árvore - ocupando o cargo que ocupa, chocaram o ovo da serpente.

Pessoas reacionárias ligadas a movimentos que pregam "liberdade", barulhentas como galinhas-de-angola (falo das galinhas-de-angola em um próximo post), denunciando de forma torpe exposições e expressões artísticas pra criar celeuma e cortina de fumaça, chocaram o ovo da serpente.

Governadores, que hoje estão em pé-de-guerra com o governo central, e com o cu na mão com a Gestapo pessoal do jumento-mor em seu encalço, chocaram MUITO o ovo da serpente - fizeram campanha com o ovo no colo, exibiram o ovo pra lá e pra cá, todos sorridentes.

Um certo cidadão oriundo do Paraná, que agora que foi "desembarcado" do governo reclama de "populismo autoritário", foi o fiador número 1 da tragédia que hoje varre o país - este não chocou, este BOTOU o ovo da serpente.

Os empresários vendedores de quinquilharia chinesa (engraçado que xenofobicamente impulsionam mensagens falando de "vírus chinês" mas ganham bilhões com merda de 5a categoria vinda da China - destruindo a indústria nacional, só pra lembrar - vendida a preço de ouro) que financiaram (e financiam ainda) fake news no zap pra levar o povo pra grupo, ah, estes são criminosos que precisam ser processados por doação ilegal de campanha (caixa 2) e presos. 

Só pra falar em fatos recentes:

Onde tava o povo dos 70% quando portadores de guarda-chuvas e furadeiras eram fuzilados pela polícia nas favelas? 

Onde tava o povo dos 70% durante todos os flagrantes armados que colocam milhares de pobres nas cadeias esperando julgamento por anos?

Onde tava o povo dos 70% quando o emprego era dizimado no País? (ficou mais barato andar de Uber e 99 por aí carregados por trabalhadores precarizados sem nenhum direito, né??????)

Onde tava o povo dos 70% quando os militares deram 80 tiros no carro do Evaldo?

Onde tava o povo dos 70% quando a polícia matou Agatha e João Pedro?

(se vier alguém falando que "pelo menos o país está há 2 anos sem corrupção" - sabe de nada, inocente!!!)

Não sinto cheiro de arrependimento. É cheiro de água batendo na bunda. É a sensação de pavor de se afogar no mar de sangue que ajudaram a encher - mar este que, agora, vai arrebentar num tsunami.

Na boa, enfiem o manifesto dos 70% no meio dos seus digníssimos cus.

Ou melhor: assinem, em conjunto, uma bela nota de repúdio, e limpem a bunda com ela.

(ou guardem a nota de repúdio pra limpar a bunda quando finalmente acabarem de limpar as bundas com as últimas páginas da Constituição Federal de 1988.)


quarta-feira, 4 de março de 2020

UM CONTRATO SOCIAL

Acho muito engraçado algumas pessoas que se dizem "ANCAPS", ou "anarcocapitalistas" (como se tal definição fosse lógica e possível!!) dizerem que "imposto é roubo".

Roubo é o que FAZEM com o imposto.

(mais tarde volto a isso)

O Estado, como conhecemos, seja ele mínimo, necessário ou máximo, nada mais é que um contrato social. Nós, como cidadãos, recolhemos taxas e confiamos elas ao Estado para que nos forneça o básico - ruas, infraestrutura, corredores de ônibus, linhas de trem e metrô, segurança pública, saúde, educação... (não vou entrar no mérito das privatizações agora - mais tarde volto a isso)

Acho mais engraçado ainda quando certos cidadãos reclamam que, em uma sociedade com saúde pública e ensino público (ok, não são perfeitos - mas este não é o foco deste post), "pagam a conta dos outros", "não existe almoço grátis" etc... porém não reclamam de pagar $1000 por mês de seguro-saúde ou $3000 por ano no seguro do carro, sendo que NESTES CASOS É EXATAMENTE A MESMA COISA, VOCÊ QUE É SAUDÁVEL PAGA A CONTA DO FUMANTE INVETERADO NA SAÚDE PRIVADA, VOCÊ QUE DIRIGE RESPONSAVELMENTE PAGA A CONTA DO IRRESPONSÁVEL QUE BEBE E DIRIGE/CAUSA ACIDENTES NO SEGURO DE AUTOMÓVEL!!!!!

Eu acho que o Estado não deve ser mínimo. Não deve também ser máximo. Ele deve ser NECESSÁRIO.

Não deve dizer o que eu devo portar ou não comigo, ou o que eu faço ou não na vida privada.

Porém deve atuar no fomento da economia, e na regulação dos abusos do poder econômico do mercado.

Afinal, que país que hoje é rico e industrializado não se desenvolveu com a mão forte do Estado?

Se você ainda acredita na "mão invisível do Mercado", saiba que ela está, neste exato momento, enfiando um dedo bem no meio do seu cu.